Tuesday, September 25, 2007

Albert Camus - O estrangeiro




“Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem dificuldades passar 100 anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se entediar.”


Trecho do livro que mais repugna de maniera saudável.

Pois terminei essa leitura a pouco e venho me perguntando em pequenos intervalos se em cada um de nós não existe um estrangeiro?

O personagem principal retrata um homem que passa da morte da mãe, de um começo de romance e de um homicídio com o mesmo vazio e a mesma indiferença, normalmente. Acho que á maioria isso causou um certo desconforto, o leitor que ao ver a falta de sensibilidade possa o ter julgado como o promotor, que o acusava em seu julgamento, não o fez errado.

Tal julgamento lhe levou a morte, a uma morte que encarou com um mero segundo de medo e já depois aguardava ancioso que sua cela o não mais lhe fizesse companhia.

O personagem é firme de tal forma que tambem nos passa algumas sensações que são muito válidas, como pensar que as vezes o que dizemos não passa de companhia ao ar que rodeia nossos corpos, as vezes não falar e assegurar de que não estariamos dando forma ao senso comum é a melhor coisa a se fazer.

O autor do livro segue fielmente suas linhas niilistas e existencialistas, por isso entendo agora o quão essa obra lhe atribuiu sucesso .

Leitura indispensável a quem não mais quer saber só de heróis e mocinhas .



Tulasi.

Monday, September 17, 2007



Chico Buarque - Pedro Pedreiro
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando
Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá
trás
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento desde o ano
passado para o mês que vem

Pedro pedreiro espera o carnaval
E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que
vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro está esperando um filho prá
esperar também

Pedro pedreiro está esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo espere alguma coisa
mais linda que o mundo
Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá o
desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás, quer ser pedreiro
pobre e nada mais, sem ficar
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que
vem
Esperando um filho prá esperar também
Esperando a festa, esperando a sorte, esperando a
morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém, esperando enfim,
nada mais além
Que a esperança aflita, bendita, infinita do apito de
um trem
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem

___________________________________


Esperar é a virtude e o desespero do brasileiro, do ser humano e principalmente do apaixonado.

Meu amigo leu essa letra pra gente e apenas 2 minutos .
Emocionou, e ninguem disse nada. Apenas sorrimos uns aos outros.
Historiadores que esperam da história conhecimento . Sempre a espera , sempre .
Viva Chico Buarque !

Saturday, September 15, 2007

ADIOS AMIGOS

Despedida do Bar do Goiaba .
A partir das 14 hrs .


Tulasi.

Friday, September 14, 2007

Georges Duby e os medos .


O ensaio muito bem ilustrado e escrito em que Georges Duby escreve sobre os medos de mais de mil anos atrás e os medos de hoje refletem a facilidade com que os estudos históricos vão engajando uma narativa clara aos estudantes.
Georges Duby fez parte da geração dos Annales que mais romperam com o positivismo crítico e da historiografia, nesse livro da reflexão dos medos desde a Idade Média até os dias de hoje fica mais do que claro que não temos muitas diferenças com nosso antepassados em relação a preocupações sociais e medos dos tempos.
Analisa a peste negra e a lepra como os medos principais de uma Europa em miséria e critianizada, onde os leprosos e doentes eram taxados como bodes expiatórios e agentes do demônio.
Ainda na linha do medo e superstição, o terror das invasões e dos cavaleiros não são mais do que os medos que temos hoje em relação as guerras e revoltas que acontecem pelo mundo, sem contar a violência urbana descarada de assaltos , sequestros e estupros que convivemos diariamente hoje .
E para terminar , escreve brilhantemente sobre o medo do Além , do juizo final e do inferno, onde fica muito claro que a Igreja se impõe bruscamente no pensamento popular, principalmente na Idade Média onde aparecem mais os preços de indulgências e fontes de limpeza dos nosso pecados. Não se difere muito do papel da Igrja moderna que movem mais de 10% do rendimento da economia brasileira, usando o Brasil como exemplo.
um livro que não deve ser lido apenas por historiadores e estudantes de história, mas sim por todos que se interessam em achar um sentido para todas aflições modernas, não são incomodos recentes, são medos que vem de muitos anos e na mesma linha de movimentos culturais e políticos.
Boa leitura .
Tulasi .

Tuesday, September 11, 2007

O nome da Rosa .




O filme se passa na Alta Idade Média, precisamente no ano de 1327, na Itália. No mosteiro acontecem sete mortes em sete dias que o Franciscano Willian de Bascerville, intelectual filósofo, investiga de modo diferente e racional e consequentemente faz aparecer grandes mistérios dentro do estranho mosteiro.

Durante a investigação o franciscano descobre uma porta que da a uma biblioteca protegida pelos mosteiros, lá estão guardadas interpretações profanas e que não se contextualizavam no cristianismo medieval. Especialmente Aristóteles:

“A comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus.”

Os residentes do mosteiro acreditavam que todas as estranhas mortes eram obras do demônio, mas antes que o franciscano Willian possa concluir suas investigações o mosteiro é invadido pelo inquisidor que esta disposto a sacrificar qualquer pessoa e indício de heresia, ou crime a favor e em nome do Diabo.
A violência dos crimes mostra um cenário onde a crença e a política estão cada vez mais em conflito, nessa Itália Medieval o feudalismo esta em decadência e as ciências começam a mostrar seus estudos.

O pensamento era dominado pela Igreja, queriam que o pensamento fosse escondido, como faziam com as obras guardadas na biblioteca, o nome do filme é baseado numa alegoria de Umberto Eco que tinha muitas citações teológicas escritas em latim.
O nome da rosa era uma expressão usada na Idade Média que significava o infinito poder das palavras, tema central do filme.

Sunday, September 09, 2007

Significados.







Até que ponto eu posso acreditar que essa vida não é apenas um sonho onde o mundo inteiro esta dentro ? Sentir , respirar e viver são coisas tão intensas que só um grande sonho pode ter .
São tantas perguntas e mudanças que o cotidiano não pode responder que as vezes as palavras sacrificam o significado para o conforto , escrevo , penso e vivo , mas o fim e o começo ?
É preferível ter a razão sempre acordada nos dias que se passam respeitando um relógio que é amigo do tempo? Que tempo ? Vivemos um tempo de que ?
Moderno ? Um tempo que esta cheio de botões e telas coloridas cada vez maiores ? Não sei se isso tudo tem sentido para mim . Sinto plenitude e conforto quando entendo ou olho nos olhos de alguem e sinto o mesmo movimento que acho viver dentro de mim, escuto uma voz que me deixa suave e sinto que realmente estou viva . Sofro por coisas que não sei porque doem , isso são os obstáculos da vida que comparecem para nos fazer aprender alguma coisa mesmo que pequena ?
Eu acho que aprendemos assim , acordando e vendo outras pessoas na rua se movimentando e sorrindo , as coisas impostas me incomodam é tanto que aprendo com elas, mesmo não sendo obstáculos dolorosos que faça do espetáculo da vida sempre haver um tombo com que se preocupar.
Eu vivo , não sei onde e porque , mas vivo .
E amo mesmo não tendo décadas e décadas de vida.

Tulasi .

Sunday, September 02, 2007

Sentir o movimento


Sensações autênticas envolvem meus póros de maniera quente e arrepiante. Sei a causa e o alívio, fecho os olhos e sinto um leve passar de ar rosado tocando minhas costas e chegando aos meus braços tão suave quanto deitar em tufos de algodão .

Amor , teoria infinitamente questionante e que conforta mentes e corpos em confronto com a verdade não-absoluta das coisas cotidianas . Quando não ilusório e cheio de complicações ele pode ser a causa e a cura de lágrimas e dores sem nome , evoco a mim e a meus dias que se formam no calendário da vida, que o amor não saia de perto dos meus movimentos , pois sem ele meus olhos se fechariam ao derramar a lágrima que reflete no espelho, o vazio .

Que os movimentos modernos cheio de botões e deletes conheçam o que é ser tocado e amado por alguem que sente o mesmo frio na barriga que você em sintonia de palavras e harmonias .


Uma boa semana a todos .

Tulasi .