Sunday, November 25, 2007

A arte e um olhar política - Livro de Beatriz Sarlo - Paisagens Imaginárias

A escritora socióloga argentina Beatriz Sarlo, durante o capítulo quatro que se estende sobre o assunto intitulado “Um olhar político, em defesa do partidarismo na arte” de maneira muito sutil e clara.
Uma das discussões mais importantes relaciona a nova arte e a arte tradicional, uma perspectiva que pode focar tanto na continuidade quanto no que se refere ao passado.
A arte tem a sua disposição as práticas históricas, políticas, comerciais, estéticas e culturais. Em relação à história concordo quando Baudelaire diz: “O político no histórico, o eterno no transitório”, ou seja, durante toda a história haverá a transição da arte entre os tempos.
A grande discussão então da modernidade é o ligar em que arte tomou dentro da sociedade, o papel social que ela exerce na vida das pessoas e nos olhares políticos sobre ela. Fica muito nítido hoje que a arte moderna aderiu uma significância de ruptura, sendo que não passa de uma fragmentação do que já foi considerado arte e o é até hoje.
O mais incrível é que a arte em si não tem função, ela existe e cria infinitamente em todos os campos, ela pode ser utópica se quiser, pode brincar com padrões e o mais importante sugere e instiga modos de pensar e novas maneiras de ver o mundo. Ela trabalha com o ilegal sem ter penas a cumprir.
Penso então que o olhar político sobre o tema arte segue as vertentes morais e não históricas e teóricas, ele se molda em possibilidades sociais e econômicas, na estética, que atende a um sentido público de mudanças nas práticas de tal classe e suas intervenções no meio.
Esse olhar se fixa na força do mercado, no poder de padronização e sucesso. Essas preocupações políticas desencadeiam uma série de tópicos a serem questionados, como a cultura popular, que nada mais é que a expressão dos pontos de vista de uma parte da sociedade.
A socióloga deixa isso bem claro citando Raymond Willians, Kafka entre outros, provando que a discussão não é do presente, a discussão vem de tempos.
Enfim, a política como representando de instituições é responsável pelas mudanças que a arte sugere e em como ela é entendida.